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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

EDWIN ARNOLD
(  Inglaterra  )

 

Edwin Arnold (10 de Junho de 1832 – 24 de Março de 1904), foi um poeta e jornalista britânico, célebre pelo seu poema The Light of Asia, sobre a vida de Siddhartha Gautama.

A serviço do trono britânico na India, recebeu o título de Cavaleiro Comandante da Ordem do Império Indiano.

 Foto e biografia:  https://pt.wikipedia.org/

 

CLÁSSICOS JACKSON – VOLUME XXXIX  POESIA 2º. Volume. Seleção de ARY MESQUITA.  São Paulo, SP: W. M. Jacson Inc., 1952.  293 p.  encadernado.         14 x 21,5 cm         Ex. bib. Antonio Miranda 

 

        A TENTAÇÃO DE BUDA

     
Fragmento do canto sexto de A LUZ DA ÁSIA

          (Tradução de ARY DE MESQUITA)

 

       Somente o horrível príncipe das trevas,
Somente Mara, que reconhecia
Nessa criatura o Salvador dos homens,
De irreprimível cólera espumava.
Desencadeou então os tenebrosos
Poderes infernais de que dispunha,
As paixões, os desejos, os errores,
Para lutar sem tréguas contra a Luz.
Tramou desviar o espírito de Buda
Da senda clara da Sabedoria,
Ora pelo terror, pela violência,
Ora pelas palavras lisonjeiras,
Por gemidos de amor, pela luxúria,
Pela dúvida ou pela zombaria.
Direi aqui o que os antigos livros
Relatam dessa noite de combate.

Os dez anjos do mal se aproximaram.
Vinha na frente deles Attavada,
O pecado do egoísmo, que no mundo
Vê sempre reflectida a própria face.
Este falou: “Se na verdade és Buda
Deves te contentar em ser o que és;
Deixa que os outros andem às escuras.”
E Buda respondeu-lhe: “Tu somente
Podes fraudar os que amam a si mesmos”.

A dúvida —Visikitcha — no ouvido
Do grande Solitário murmurou:
“As coisas não são mais do que aparências,
E querer conhece-las é vaidade.
Não existe remédio para os homens;
Refugia-te num paciente escárnio.”
E respondeu-lhe o Mestre: “Nada tenho
Contigo, tu és o mais subtil imigo
Com que os homens tiveram de lutar.”
Silabbat-paranasa, a feiticeira,
Que é crença popular em muitas terras,
Com preces e com rito ludibria
As almas simples.  Esta lhe falou:
“Ousas, acaso, destronar os deuses,
De seus prosélitos privar os templos,
E pôr em discussão a lei que nutre
Os sacerdotes, e que ampara o reino?”
E Buda respondeu-lhe:  “O que tu queres
Que eu conserve é uma forma transitória,
A Verdade somente é que perdura.”
E ordenou que voltasse para as trevas.
Chegou depois o tentador amável,
Rei das paixões sensuais, o ardente Kama,
Que os próprio  alto deuses tiraniza.
Sorrindo aproximou-se acompanhado
Duma gentil coorte de figuras
Mais inebriantes do que as mais formosas
Mulheres que encontramos sobre a terra.
Num turbilhão de linhas impecáveis,
De seios mornos, de quadris macios,
Essas figuras envolveram Buda.
E uma lhe disse:  “Ó principe Siddartha,
Prova os meus lábios, prova a minha boca,
E sente como é doce a juventude”.
Canções de amor ressoavam-lhe aos ouvidos,
Contactos lúbricos e demorados
Acariciavam o seu corpo imóvel.

Mas nada move o espírito inconcusso
Do grande Solitário que medita.
Vendo os seus sortilégios malogrados,
Kama brandiu a mágica varinha,
E fez com que do enxame de mulheres
Surgisse uma figura incomparável.
Ela era linda, lânguida e mimosa,
E trazia o semblante de Yosadhara.
Ternas paixões bailavam nos seus olhos,
E sua fala musical dizia
Entre quentes suspiros:  “Vem, Siddartha,
A tua ausência me assassina aos poucos,
Eu não posso viver longe de ti.
Será que o céu que achaste vale tanto
Quanto valia a alcova do palácio?
Volta de novo para mim, Siddartha,
Mas antes prova o gosto do meu beijo
Abrasado de amor e de saudade.”

E Buda disse:  “Por amor daquela
Cujas feições está arremedando,
Não te maldigo, sombra mentirosa,
Mas te ordeno que voltes para o nada.
Uma estrupida enorme estruge os ares,
E toda aquela multidão de formas
Lindas, ardentes e odorosas some
Na confusão de berro, fogo e fumo.
Sob céus tenebrosos e fragores
De tempestades tetras ribombando,
O ódio — Pathiga — surge envolto em serpes
Que lhe sugam as tetas venenosas.
Mas nada pode contra o Solitário
Cujo plácido olhar faz que silvando
E se estorcendo ocultem-se as serpentes.
Vem depois Ruparaga, que é pecado
Dos que gozando, infrenes, as delícias
Que a vida tem, se esquecem de viver.

O desejo da fama — Aruparaga —
Se aproxima também com seus encantos
Que enganam muita vez os mais prudentes,
Os mais sábios varões, lhe sugerindo
Ações ousada e combates feros.
O demônio do orgulho, o altivo Mano,
Que os homens sem cessar, falaz, exalta
Aos próprios olhos desmedidamente.
Chega depois o lisonjeiro Uddhachcha,
Pecado que sugere a falsa ideia
Que nosso julgamento é sempre certo,
Acompanhada de nojentos seres,
Vem, depois, arrastando a forma imunda,
A sórdida Avidya, cujos passos
Tornam a noite ainda mais escura;
E a mãe horrenda do tema, dos erros,
E da bronca ignorância das criaturas.
A árvore Bódhi conservou-se imóvel,
E firme como o espírito de Buda,
Enquanto o espaço cheio de rugidos,
E do rumor das asas dos demónios
Estremecia, e no alto das montanhas
Os penedos mais sólidos rangiam.

*

*

 

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       Página publicada em maio de 2023

      

 

 

 
 
 
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